Por : Denis Uezu
As
qualidades desejáveis em gestores de bibliotecas, em minha opinião, tem sido
mais ou menos as mesmas propagadas em reportagens e artigos de revistas de
negócios e empresariais. Precisam ser inovadores. Líderes. Proativos. Ter visão
estratégica, inteligência emocional e
outras qualidades que se alternam ano a ano (resiliência já saiu da moda?). No entanto, é preciso cuidado para que essas
qualidades não se tornem palavras vazias.
Tive
experiências em gestão/coordenação de biblioteca escolar e em projetos técnicos
em um museu. Atualmente, coordeno uma biblioteca universitária dentro de um
sistema de bibliotecas em uma universidade pública. São experiências
diferentes, com objetivos diferentes e equipes mais diferentes ainda. O que
considero como essencial para desempenhar essas funções? Percepção.
Na
prática: primeiramente é essencial entender a missão e os objetivos, em nível local
(a própria unidade) e macro (a
organização na qual está inserida). Uma vez entendido, o que resta ao gestor é
perceber. Perceber e agir, claro. Mas perceber o quê? Posso citar três itens
que acredito serem essenciais:
a. As
qualidades da equipe no todo e em sua individualidade e, a partir disso, desenvolver competências, delegar tarefas de
acordo com o perfil de cada um e manter todos motivados para que os objetivos
da biblioteca sejam alcançados. Tarefas delegadas por fatores como tempo de
casa ou preferências pessoais do gestor podem comprometer o andamento de
trabalhos e projetos. Nem sempre é fácil e possível, claro, mas levar em
consideração o perfil de cada um pode auxiliar bastante.
b. As
demandas do público que a biblioteca atende. Parece óbvio, mas entender isso
significa criar e gerenciar produtos e serviços voltados ao público e não fazer
“biblioteca para bibliotecários”. Desenvolver maior e melhor integração entre
setores/pessoas é essencial ou perpetuaremos, por exemplo, a eterna rivalidade
entre referência e catalogação. Aqui também entra a percepção de limites.
Limite esse que não deve ser considerado somente como limitante e sim como
oportunidade para se estabelecer parcerias, eleger prioridades , avaliar e
reavaliar práticas.
c. As
demandas informacionais atuais e suas fontes cada vez mais diversas. Portal de
Periódicos da Capes, repositórios institucionais e bases de dados específicos são
fontes essenciais no ambiente universitário (caso específico), mas a informação
pode estar além dos meios “tradicionais”. E conhecimentos em inglês ampliam
consideravelmente as opções, não há como negar. A informação pode estar em um
fórum do Reddit ou em um vídeo no YouTube. Explorar é preciso.
Gestores-bibliotecários:
liderem equipes, sejam estratégicos e inovem. Mas não se esqueçam que equipes
são pessoas, com virtudes e defeitos (gestor incluído!), e estratégias e
inovações devem ter como finalidade o atendimento ao público da biblioteca.
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