Blog como ferramenta para divulgação científica: resposta ao autor Nepomuceno*

O futuro da Ciência da Informação vem sendo alvo de questionamentos já há alguns anos, principalmente com o surgimento da internet e recentemente com o novo modelo de produção, acesso, uso e compartilhamento da informação por meio das redes colaborativas. O mundo converge para a criação de novos recursos que possibilitem o compartilhamento de informação. Nesse contexto, o blog é um desses exemplos, pois vem sendo utilizado de forma crescente como ferramenta de colaboração também no meio acadêmico, onde o autor tem liberdade para apresentar e discutir temas de seu interesse e de seus pares, entre outras funcionalidades.

O modelo de produção científica predominante atualmente limita a divulgação de pesquisas e até mesmo cria barreiras para a sua publicação. Todavia, não é possível aos pesquisadores colarem-se a margem desse modelo, uma vez que seu reconhecimento acadêmico e institucional depende das publicações. Paralelo ao modelo vigente, o uso de novas formas de divulgação científica e interação com pares podem ser muito vantajosas em dado momento. Por meio dos blogs pessoais e também temáticos, pesquisadores têm divulgado seus textos em forma de posts para verificar o impacto que os mesmos causam entre seus seguidores, bem como interagir com seus pares para aperfeiçoar seus estudos.

Tomados por essa vontade de compartilhar e buscar reconhecer novos pontos de vista, críticas e sugestões, alguns pesquisadores renomados da área de ciência da informação também utilizem o blog como ferramenta de compartilhamento de informação relativa à sua área de estudo. Os textos e opiniões de pesquisadores como Aldo Barreto, Hélio Kuramoto e Carlos Nepomuceno, por exemplo, podem ser acessados facilmente por meio de seus blogs. Os autores mantêm diálogo aberto com seus leitores e partindo de seus posts, eles constroem o conhecimento junto com os seguidores que interagem deixando seus comentários.

Os mesmos motivos que vêm sendo discutidos até aqui para a escrita em um blog, também levaram a autora deste a criar o seu próprio no início de sua formação acadêmica. Esse instrumento é por ela entendido como uma ferramenta que vem auxiliando no seu crescimento acadêmico e profissional, uma vez que compartilha no blog suas opiniões, busca respostas aos questionamentos que se apresentam no seu dia-a-dia e tenta construir novos conhecimentos. Um pesquisador iniciante encontra muitas dificuldades para publicar seus textos em um periódico renomado, com tantas facilidades proporcionadas pelas tecnologias da informação e comunicação, a busca por alternativas que possam promovê-lo no meio acadêmico são válidas e mostram resultados quando bem gerenciadas.

A vinculação dos conceitos e da aplicação do estudo em CI à essa ferramenta colaborativa é indispensável, já que tratamos de informação e conteúdo valioso para o meio acadêmico. Avaliação de relevância, qualidade, arquitetura de informação e também das metrias fazem parte da área de CI e são indispensáveis quando se busca apresentar um trabalho que venha a ser reconhecida por suas características e contribuições dentro de sua rede social.

Frente às questões apresentadas e com todas as transformações proporcionadas pela Internet e recentemente pela Web 2.0, entende-se que a Ciência da informação não desaparece, mas, se transforma. O foco passa da informação em suporte físico também para a informação em suporte eletrônico, mais do que isso, surgem novos conceitos, novas formas de fazer ciência e diferentes perspectivas para ela, tão jovem e indispensável em um mundo onde seu objeto de estudo, a informação, é recurso essencial nos diversos setores da sociedade.


REFERÊNCIAS

BARRETO, Aldo de Albuquerque. Sensação e percepção na relação informação e conhecimento. DataGramaZero: revista de ciência da informação, v.10, n.4, ago. 2009. Disponível em: http://www.dgz.org.br/ago09/F_I_art.htm Acesso em: 22 set.2009

BORKO, H. Information science: what is it? American documentarion, v.19, n.1, p.3-5, jan. 1968.

HANE, Paula. Review of the Year 2008 and Trends Watch—Part 1. Information today, 5 jan. 2009. Disponível em:

http://newsbreaks.infotoday.com/Spotlight/Review-of-the-Year--and-Trends-WatchPart--52127.asp# Acesso em 11 ago. 2009.

HANE, Paula. Review of the Year 2008 and Trends Watch—Part 2. Information today, 8 jan. 2009. Disponível em:

http://newsbreaks.infotoday.com/Spotlight/Review-of-the-Year--and-Trends-WatchPart--52173.asp#top Acesso em 11 ago. 2009.

NEPOMUCENO, Carlos. A ciência da informação resistirá à internet? : reflexões soltas de um aluno de doutorado. DataGramaZero: revista de ciência da informação, v.8, n.4, ago. 2007. Disponível em: http://dgz.org.br/ago07/Ind_com.htm Acesso em 19 jun. 2009.

______. As plataformas do conhecimento. DataGramaZero: revista de ciência da informação, v.8, n.5, out. 2007. Disponível em: http://www.dgz.org.br/dez07/Art_05.htm Acesso em 20 set. 2009.

* Short paper apresentado à disciplina Perspectivas em Ciência da Informação do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Comentários

Carlos Silva disse…
Paula, como você apontou que este post seria uma resposta ao que escrevi sobre "Ciência 2.0", queria fazer a ressalva entre divulgação científica - que acho que ninguém vai se opor que o blog seja usado para isso.

E, bem diferente, é o blog ser um instrumento de produção científica.

O que seria mais ainda é aceitar que a intuição - pré-hipótese - como algo válido para a Ciência, num mundo do conhecimento mais líquido.

Aí temos uma discussão.

Gostei do post,

abraços,

Nepô.
Paula Carina disse…
Muito obrigada pelo comentário! Sem dúvidas esse cuidado é necessário, talvez não tenha ficado claro no texto. Acredito que o blog e as mídias sociais em geral podem ser utilizados como espaço de diálogo e abertura para o novo a partir da cooperação.