Biblioteca e Tecnologia

Participei hoje pela manhã da palestra com a Bibliotecária Wendy Zaman no Inter Americano. O tema da palestra foi "O futuro das bibliotecas tendo em vista as mudanças de tecnologia e dos recursos informacionais. Como as bibliotecas públicas nos EUA estão mudando diante disso". Wendy é bibliotecária, mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Long Island em Nova Iorque. Ela é funcionária do Departamento de Estado dos Estados Unidos desde 2003 e atualmente é a diretora regional do Centro de Informação e Pesquisa para o Brasil, Colômbia, Venezuela e Paraguai.

A palestrante defendeu a idéia de que atualmente os motivos para fequentar uma biblioteca são diferentes de 30 anos atras por exemplo. Frente a essa mudança de interesse dos usuários, Wendy afirma que as bibliotecas precisam melhorar para acompanhar os interesses de seus usuários. Existem muitas opções de onde encontrar informação em todos os lugares, entretanto, os usuários nem sempre sabem como encontrá-las.

Essa fala pode parecer repetitiva para muitos colegas que acompanham este blog. Todavia, acredito que os bibliotecários ainda são carentes de ouvir falas como as de Wendy Zaman, especialmente porque ela vive em uma realidade que acreditamos ser totalmente diferente da nossa. Ela contou algumas histórias e garantiu que nos EUA os problemas relacionados às bibliotecas não são muito diferentes dos nossos, talvez existam em menor proporção.

Duas questões que me intrigam a muito tempo foram citadas pela palestrante e me chamaram muito a atenção. Ela falou da questão do marketing da biblioteca. Não é possível ter uma biblioteca que é frequentada e receber reconhecimento se os bibliotecários não fazem a divulgação dos produtos e serviços. É preciso buscar visibilidade, divulgar o que a biblioteca tem a oferecer e tornar-se fundamental. No momento em que as bibliotecas forem consideradas fundamentais em uma organização ou na comunidade, ela não será a primeira a ser atingida nos momentos de crise por exemplo.

O segundo ponto que me chamou a atenção foi a questão da diferenciação de serviços. Considero uma biblioteca sem um setor de referência, uma biblioteca sem alma. Quando ouço as pessoas falarem da importância do serviço de referência em bibliotecas meus olhos brilham. Ela destacou o serviço de referência como a "cara" da biblioteca, falou da proatividade do profissional que trabalha nesse setor e da necessidade de uma entrevista de referência bem feita.

Wendy destacou que as bibliotecas não serão esquecidas, desde que revejam seus serviços e produtos e a forma como se relacionam com seus usuários, pois é preciso saber exatamente o que eles buscam quando entram em nossas bibliotecas, assim como em outros serviços, as pessoas buscam a personalização nas bibliotecas. Falta de dinheiro não é desculpa para não desenvolver programas de incentivo a leitura ou prestar um bom atendimento, com um pouco de criatividade tudo pode ser feito.

Para mim essa "conversa" com a bibliotecária Wendy Zaman foi uma injeção de ânimo para quem está um pouco decepcionada com os feitos tradicionais da minha profissão. Não quero ser reconhecida como a bibliotecária que fica naquela sala meio escondida para que nenhum usuário venha perturbar. Precisamos mostrar nossa cara e do que somos capazes. Acredito que o futuro das bibliotecas será brilhante e repleto de inovações! Termino o post assim como Wendy terminou sua fala, com a frase do autor do livro Fahrenheit 451, Ray Bradburry:
"Sem bibliotecas o que nós temos? Não temos passado, nem futuro".

Comentários

Livretando disse…
Paula, como já comentei contigo sinto falta dessas palestras. Sempre nos trazem novos olhares e novas leituras sobre a biblioteca e o bibliotecário. Trabalho e uso da minha formação no que faço, mas morro de amores por bibliotecas, quero voltar a esse espaço logo. Quanto ao conteúdo no geral me chamou a atenção que há dias ando me perguntando sobre o futuro da biblioteca nesse meio tão digital e microtextual. Eu já estou planejando a compra de meu KINDLE (livro digital) para ler meus livros. Estou ficando moderno, mas sem perder a ternura...rs.. a leitura é algo que me fascina e muito. Continue compartilhando e continuamos aprendendo.
Paula o estudo de Wendy Zaman vai em direção ao que penso. Realmente as bibliotecas devem direcionar seus serviços a necessidade de seus usuários. E isso, pela experiencia como estagiária na área e como aluna, não vem acontecendo. A biblioteca deve funcionar como um serviço customizado, apoiando e oferencendo serviços diferenciados do que já existem na web. Não sei se estou sendo clara, a idéia é prever, por meio de estudos, as necessidades de seus usuários e fedelizar o mesmo. Gostei demas do seu post.
Voltarei aqui mais vazes, sem dúvidas!
Paula, pelas experiências que tive até então vejo os bibliotecários muitos fechados a mudança. Isso, claro, é reforçado pela postura das instituições de ensino que continuam a ver a biblioteca como um repositório de coisas sem valor. Discussões como a de Wendy Zaman tem muito a colaborar, sobretudo, abrindo a mente dos profissionais e sociedade.
bjos
Paula!
Parabéns pelo post. Com suas palavras me vi participando da palestra também.
O que compartilho com você é a mesma aflição em ver bibliotecas sem bibliotecários, bibliotecários de verdade. O que me deixa mais triste, agora direcionando à Lucineia, é que ese desconhecimento das insituições é devido à falta de atitude dos bibliotecários (não digo em sua totalidade).
Quanto à atender às demandas de nossos usuários, é preciso ser bibliotecário por inteiro. Não posso deixar de ser bibliotecáio quando acaba meu horário de trabalho. Sem exagero, a biblioteca, a informação, o usuário, todos devem estar em nossos pensamentos 24 horas por dia!!!
Estamos debatendo esse dinamismo em meu blog, tendo como plano de fundo a desregulamentação das profissões, e convido vocês a participarem e dar contribuições: http://elderlopes.blogspot.com

Abraços e disseminem a informação!!

Elder Lopes Barboza
Paula Carina disse…
Obrigada pela colaboração de vocês colegas. O intuito do blog é justamenta o compartilhamento de informações e troca de experiências.

Evandro, participar de palestras é sempre bom. hoje saí de lá renovada e preparada para enfrentar as dificuldade que surgem no dia a dia.

Lucineia e Elder, muitos bibliotecários são resistentes a mudança. Entretanto, acredito que cabe a nós mudar essa atitude e a visão das pessoas com relação a nossa profissão. Sejamos bibliotecários por inteiro como você sugeriu, Elder.