Visita à The British Library: parte I

Logo que comprei as passagens para passar as férias em Londres eu comecei a planejar o roteiro de viagem. Não podia deixar de visitar a British Library, por isso, entrei em contato com um dos bibliotecários que trabalham lá e ele me colocou em contato com a Dra. Elizabeth Cooper, Curadora da Seção de Estudos Latino Americanos. Ela foi super gentil e agendou uma visita para três bibliotecárias: Suzana Zulpo Pereira, Eglem Veronese Fujimoto e eu.

The British Library
Nossa visita aconteceu no dia 10/05 às 10h da manhã. A admiração foi inevitável logo que chegamos à biblioteca, o prédio é imenso e tem uma beleza particular. Apesar do frio e da chuva, estávamos muito felizes e eufóricas com as experiências que seriam compartilhadas. Dirigi-me ao balcão de atendimento e me identifiquei, então recebemos, cada uma, um crachá onde estava escrito: "Visitors: Brazil and Argentina". Nós pensamos: "Argentina"? 

Ficamos aguardando a recepção de Elizabeth, que foi muito gentil e nos alertou que de última hora, dois bibliotecários argentinos haviam solicitado uma visita e ela resolveu unir os dois grupos, tendo em vista que tínhamos objetivos parecidos. Ela se apresentou e disse que poderíamos fazer perguntas em português, pois ela tem um bom domínio da língua. Ela é americada de Nova York e vive há 3 anos em Londres, passou 1 ano no Brasil fazendo pesquisas para o seu doutorado, quando estudou literatura latino americana. 

Banco em forma de livro no Hall da British Library

Infelizmente, fomos alertadas que não poderíamos fotografar as salas de leitura e alguns setores de trabalho que iríamos visitar, de qualquer forma, todas aquelas imagens continuam na memória. Pudemos fotografar apenas o hall da biblioteca e parte do acervo, a Biblioteca do Rei. Deixamos bolsas e casacos no guarda-volumes que fica no sub-solo e é o sonho de qualquer bibliotecário, dois colaboradores trabalhavam no atendimento desse setor e organizavam as bolsas em armários e casacos em cabides.
Escadas que dão acesso às salas de leitura e à King's Library Tower

Naquele dia, os colaboradores da bibliotes estavam em greve e, por isso, algumas salas de leitura estavam fechadas. Elizabeth nos apresentou duas salas que estavam abertas, a estrutura é muito moderna, o espaço é harmonioso e confortável, eu poderia passar horas lá dentro. Passando do hall para o primeiro espaço destinado para o estudo, nos deparamos com a Biblioteca do Rei, acervo do Rei George III (reinado: 1760-1820), organizado em uma torre de vidro bem no centro do prédio. Essa coleção é considerada uma das mais significativas do Iluminismo, contendo livros impressos na Inglaterra, Europa e América do Norte do século 15 ao 19. Consiste em 65 mil volumes de livros impressos e 19 mil folhetos.

King's Library Tower

Quando George III assumiu o trono em 1760 herdou apenas pequenas coleções de livros localizados em residências reais. Ao longo de seu reinado ele designou pessoas para ajudarem a formar essa bela coleção. Após a morte do rei George III a biblioteca passou para seu filho George IV em 1820 que a ofereceu como um presente para a nação britânica em 1823, quando a biblioteca foi transferida para o British Museum, com a condição de deixá-la separada para manter sua identidade. No museu os livros puderam ser consultados pelos pesquisadores ao longo dos anos. Somente em 1973 a biblioteca do rei foi transferida para o novo prédio da British Library. Posteriormente, os seis andares da Torre foram projetados especialmente para abrigar a coleção do Rei George III, mantendo sua identidade e ficando visível para os usuários da biblioteca. Há um controle de luz, temperatura e humidade para conservar o acervo. (Conheça a história completa aqui).

King's Library Tower

Confesso que fiquei fascinada com a história e o grandiosidade da torre, bem como a beleza dos livros.

Em seguida Elizabeth nos mostrou a maquete da biblioteca e o que chamou a atenção foi a estrutura onde a maior parte do acervo fica armazenada, no sub-solo, sob conservação rígida e onde dificilmente o acervo pode ser afetado por desastres naturais, fogo, etc. Eles realmente investem para preservar a memória do seu país. A estrutura da biblioteca é maravilhosa. 

Tentei não fazer comparações com a estrutura das bibliotecas no Brasil, pois sabemos que as diferenças econômicas e sociais são gritantes. Entretanto, acredito que a forma como o governo e até mesmo os cidadãos entendem a preservação e disseminação do conhecimento em nossa sociedade, precisa ser repensada e caminhar para o progresso. Do contrário, nunca sairemos do lugar.

Nesse contexto o que me chamou muito a atenção foi o reconhecimento com relação ao trabalho dos profissionais da informação que atuam  na biblioteca. Eles são muito valorizados e, pareceu-me que são incentivado a aplicar novas soluções com base nos conhecimentos que desenvolvem em seus estudos. Todos os curadores que conversaram conosco já cursaram o doutorado e são muito preparados para desenvolver suas funções, a busca pela aquisição e compartilhamento de conhecimento está em primeiro lugar.

Foram 3 horas de visitas e até agora descrevi apenas a primeira parte. No próximo post contarei os detalhes sobre nosso tour pelo setor de conservação e preservação de documentos. Você já visitou a British Library? Compartilhe sua experiência!

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