Papel social das bibliotecas em momentos de crise

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Ouvimos sempre que as bibliotecas precisam cumprir seu papel social, dar acesso a informação. Nesse momento de crise devido a pandemia do COVID-19 cabem algumas reflexões.

A maioria das bibliotecas do Brasil fecharam as portas esta semana, inúmeros bibliotecários estão trabalhando de suas casas. Mas, como é possível cumprir o papel social e cidadão da biblioteca e do (a) bibliotecário (a), mesmo trabalhando de casa? Acredito que esta é oportunidade valiosa para esses profissionais demonstrarem que a biblioteca ultrapassa as suas barreiras físicas. Entretanto, conversando com meus colegas percebi que o foco dos gestores tem sido na produtividade, nos números que irão inserir nos sistemas estatísticos e de gestão para comprovar que trabalharam de casa. 

Quero acreditar que há mobilizações no Brasil buscando encontrar formas de atuação relevante e que impacte positivamente nesse momento de crise. Por isso, resolvi compilar algumas ideias que poderiam facilmente ser colocadas em prática, a maioria delas ligadas ao trabalho do bibliotecário de referência:

Atendimento remoto: há muito tempo já atendemos os usuários das bibliotecas por e-mail, chat, mídias sociais. Em um momento de crise como o que vivemos esse tipo de atendimento deve ser intensificado e acredito que muitos tem feito isso. Entretanto, sugiro investir na divulgação do serviço de forma atraente para que os usuários tomem conhecimento de que podem e devem utilizar esse meio, ainda que seja para fazer as perguntas mais simples.

Curadoria de conteúdo: o tema COVID-19 é uma novidade para os profissionais da saúde e para a população em geral. Dessa forma, surge a oportunidade do bibliotecário demonstrar sua habilidade e diferencial competitivo de coleta, organização e disseminação da informação que vai fazer a diferença na vida das pessoas. De forma prática, os bibliotecários que estão trabalhando remotamente poderiam focar na curadoria de informações científica que atendam às necessidades da comunidade médica e científica. Ou ainda, produzir conteúdo simples e voltado para a divulgação científica e informação da comunidade por meio das mídias sociais. Um exemplo é o post do Moreno Barros no Bibliotecário sem Fronteiras. Outras possibilidade: boletim diário das principais notícias sobre o avanço da doença na sua região, postagens sobre prevenção da doença, levantamento bibliográfico que atenda às necessidades dos profissionais de saúde, lista de editoras que abriram seu conteúdo para a comunidade científica, etc.

Atividades on-line: há inúmeras ferramentas disponíveis para a realização de web conferências, muitas delas gratuitas. Além disso, muitas ferramentas pagas abriram seus serviços esta semana para o grande público, tendo em vista a crise que vivemos. As bibliotecas universitárias, por exemplo, deveriam enxergar a oportunidade de alcançar seus usuários oferecendo aulas on-line para uso de fontes de informação, identificação de fontes de informação confiáveis, uso de ferramentas de pesquisa, dicas para o desenvolvimento de pesquisas, etc. São inúmeras as possibilidades. As bibliotecas públicas e escolares poderiam fazer contação de histórias on-line e disponibilizar em suas páginas. Vi ontem o post de uma amiga bibliotecária de uma biblioteca escolar nos Estados Unidos que está promovendo contação de histórias on-line para os alunos.

Acredito que liderança e criatividade fazem toda a diferença em um momento de crise. Por isso, vá além do mínimo, dê seu máximo e seja agraciado com os resultados que irão te surpreender.

Se você está aplicando outras ações para a comunidade que atende, gostaria muito de conhecer suas iniciativas, apresente-as nos comentários. Apresentei apenas três exemplos simples, mas, que podem fazer a diferença.


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